Abaixo trarei algumas informações acerca do meu resgate histórico sobre meus saberes pessoais e pré- profissionais...
Como era a escola na época em
que estudei, processo de alfabetização e metodologia de trabalho:
Ingressei
na Educação Infantil com 4 anos de idade, no ano de 2001, na Escola Municipal
Coração de Jesus que era integrada a Casa do Menor, local onde meninos moravam
e recebiam cuidados, instalada no município de Ipiaú, cidade situada no
interior da Bahia. Lembro-me do quanto gostava de ir à escola e aprender coisas
novas diariamente, a possibilidade de ter um mundo infinito que eu poderia e
iria explorar, fazia com que a minha disposição para frequentar as aulas se
tornasse imensa. No meu primeiro ano na escola cursei a série denominada de
“Prontidão” e no ano seguinte, com 5 anos, estudei a alfabetização.
De
acordo com Ferreiro (1999, p.47) “a alfabetização não é um estado ao qual se
chega, mas um processo cujo início é na maioria dos casos anterior a escola e
que não termina ao finalizar a escola primária”. Analisando o meu processo de
alfabetização percebo que tenho uma visão compatível com essa, pois antes mesmo
de entrar na escola, eu já sabia escrever meu nome e desenhava determinados objetos,
sendo assim, faço parte do grupo de indivíduos que desde casa iniciaram o seu
processo de alfabetização e que não o terminaram ao finalizar a escola
primária. Nós somos seres em constante processo de aprendizagem, adquirimos
conhecimentos a cada dia que vivemos e isso não se finda.
Na
alfabetização eu tive uma professora pela qual sou apaixonada até hoje (que
mesmo sem intencionalidade me incentivou a cursar Pedagogia atualmente),
chamada Claúdia Brandi. Uma pessoa de muita luz, que sabia como prender a nossa
atenção e nos ensinar de maneiras criativas e simples.
Estudávamos
numa sala decorada, havia vários varais com nossas atividades, nossas pinturas
e todas as vogais espalhadas nas paredes, e tínhamos uma minibiblioteca, na
qual ficávamos lendo os contos de fadas e histórias infantis. Nunes (2012: 15)
afirma que “é preciso entender que gostar de ler não é um dom, mas um hábito
que se adquire.... Investir em pequenos leitores é uma das muitas maneiras de
semear futuros leitores assíduos.” Tanto Freire quanto Nunes, abordam como é
importante o hábito da leitura para o desenvolvimento de diversas habilidades
na criança e reforçam o fato de que as crianças precisam ser trabalhadas desde
muito cedo para serem inseridas nessa prática. Ler e escrever são duas paixões
que eu tenho, durante a minha infância eu não fui muito incentivada, lia
somente o que era exigido pelos professores, mas com o decorrer dos anos
desenvolvi um prazer em praticar ambas e as considero de suma importância e
contribuição para o tipo de conhecimento que tenho e também para o que desejo
adquirir posteriormente.
A
Pró Cláudia nos motivava a fazer as atividades, como por exemplo, a atividade
da caligrafia, o qual pratiquei muito, e graças a isso hoje tenho letras
legíveis e não passo por problemas com a escrita. Ela também utilizava vários
instrumentos para o desenvolvimento das atividades, tais como: palitos de
fósforos, tampinhas de garrafas, bolinhas feitas de papel crepom, palitos de
picolé, músicas, brincadeiras, grãos alimentícios, entre outros. Aprendíamos as
vogais fazendo associações com o nome dos animais que começavam com aquela
respectiva letra (Ex.: A – ABELHA; E – ELEFANTE; I - IGUANA; O – OVELHA; U –
URSO) e ligávamos os pontinhos para formar as letras. Segundo Nunes et al.
(2012), o professor é um “grande agente de transformação da criança num ser
mais aberto para o fantástico e o faz de conta, tão importante para o
desenvolvimento cognitivo do aluno”. E ela foi de forma notável uma grande
agente da minha transformação.
Avaliação,
exercício da cidadania, relação professor-aluno e aspectos importantes do curso:
Me
recordo de que quando aprendemos a formar as palavras, saímos para passear e
ficávamos lendo as placas dos mercados, lojas, farmácias, escolas etc.
Aprendíamos também sobre valores e os colocávamos em prática, o que fato de ser
uma escola integrada a Casa do Menor, foi um incentivo nesse sentido.
Observando
as linhas de raciocínio de alguns pedagogos, educadores e pesquisadores da
área, é possível perceber a presença de determinados aspectos existentes
naquela época. Como por exemplo, a relação professor-aluno, que segundo Carl
Rogers, “deve
ser impregnada de confiança e destituída de noções de hierarquia. Instituições
como avaliação, recompensa e punição estão completamente excluídas, exceto na
forma de autoavaliação” (ROGERS, 1986 apud CAPELO, s/d) afirma que “Não
podemos ensinar, apenas podemos facilitar a aprendizagem”. Para ele, o
professor não é mais visto como centro do processo ensino-aprendizagem, onde o
docente era o detentor do conhecimento, e esse, transferia as informações para
os seus alunos. Pelo contrário, na teoria dele o professor é visto como um
facilitador, onde não é o docente que ensina e o aluno que aprende, o
importante não é o que ele aprende, e sim como ele aprende. E isso foi algo que
existia de forma bem nítida no meu processo de alfabetização. A relação
existente entre a professora e os alunos era de um respeito mútuo e isso
possibilitava o nosso rendimento e melhor aprendizado.
Com
19 anos passei na primeira chamada do vestibular da UNEB, para o curso de
pedagogia e 1 mês depois, passei em uma das chamadas do SISU pela UESB, para o
mesmo curso. Esses acontecimentos só me fizeram ter mais certeza ainda de qual
caminho seguir. Hoje, estando no VII semestre, tenho a convicção de que fiz a
escolha certa e com o incentivo e suporte de muitos professores avanço no meu
processo acadêmico.
Atualmente,
tenho 22 anos de idade, sou apaixonada por leitura, escrita e por tudo que
envolva dormir. Uma baiana em busca de muitas outras experiências para
acrescentar nesse singelo resgaste histórico.